Plantas Carnívoras

Durante minha graduação em Ciências Biológicas uma frase que sempre guardei comigo e que se tornou cada vez mais verdadeira é a famosa fala do personagem Dr. Ian Malcon (Jeff Goldblum) do filme Parque dos Dinossauros (Jurassic Park- 1993). 

Ao contrariar o dono do parque e seu geneticista sobre questões de segurança no desenvolvimento e reprodução dos animais o Dr. Malcon diz:
-[…]I'm simply saying that life, uh... finds a way.



Em tradução livre seria “Eu estou simplesmente dizendo que a vida, ãhn…encontra um meio.” e isso dentro da biologia não poderia ser mais verdadeiro.

Mas o que isso tem a ver com plantas carnívoras?

Para a realização do processo de fotossíntese todas as plantas necessitam do composto nitrogênio em seu pigmento de clorofila e elas conseguem isso normalmente através do ciclo do nitrogênio. Porém nem sempre este composto esta presente no solo e muitas vezes ele existe em pouquíssima quantidade em solos altamente pobres.

Então a solução através da seleção natural é se aproveitar desse nitrogênio vindo de outras fontes, ou seja, diretamente de animais.
Estas plantas não saem por ai correndo atrás de insetos, mas usam de vários tipos de bizarras armadilhas para chamar a atenção de suas presas que podem ir desde cores fortes, odores de néctar e reflexão nas gotículas de mucilagem (fig.1) para conseguirem seu “alimento”. Entre os mecanismos de aprisionamento estão armadilhas de queda, sucção (no caso do gênero aquático Aldrovandra), folhas adesivas e até mesmo gatilhos que fecham compartimentos prendendo a presa desavisada.

Fig.1: As plantas do gênero Drosera usam suas gotículas de mucilagem para chamar a atenção de insetos.

A digestão desses animais ( que podem variar de insetos até pequenos vertebrados) se da por enzimas digestivas secretadas por diversas glândulas existentes nestas plantas, por ação de bactérias ou mesmo ambas. 

Existem atualmente cerca de 600 espécies de plantas carnívoras ou insetívoras no planeta (sendo um dos primeiros a pesquisa-las o próprio Charles Darwin), apresentando-se nas mais bizarras e belas formas. Desde as primitivas do gênero Heliamphora, as estranhas do gênero Sarracênia e a famosa Dionea (fig. 2).
Fig.2: Acima Heliamphora chimantensis, no meio Sarracenia sp e abaixo Dionea muscipula (Clique nas imagens para ver em tamanho maior).

Esta dificuldade em sobreviver em solos pobres em nitrogênio levou a um processo chamado Convergência Evolutiva, onde organismos de linhagens distantes evoluem de maneira parecida (ou análoga) em ambientes também parecidos.

Isso fez com que “predadoras” evoluíssem em diversos grupos de plantas nas áreas mais diversas da Terra, provando que o Dr. Malcon estava certo.
Apesar destes belos exemplos de convergência evolutiva se mostrarem tão resistentes aos ambientes terrestres elas são raras e infelizmente muitas vezes ameaçadas de extinção devido a crescente destruição de seus habitats.

A pergunta que fica é:
Será que a vida continuará encontrando um meio mesmo quando se depara com a influência humana?

Você quer saber mais?
International Carnivorous Plant Society (Organização de horticulturistas, cientistas e conservacionistas)
Botanical Society of América (Página da sociedade botânica dedicado as plantas carnivoras)
Karnivoras (site sobre cultivo de plantas carnívoras)
Plantas Carnívoras Br (Forum brasileiro geral sobre o tema)

5 comentários:

Anônimo 23 de agosto de 2009 às 14:49  

Se maomenos não vai à montanha, a montanha vai à maomenos.

Renan Sparrow 23 de agosto de 2009 às 21:41  

Ganhou um Selo:
http://renansparrow.blogspot.com/2009/08/ganhando-um-selo.html

:)

Pablo Lopes Moreno 25 de agosto de 2009 às 14:23  

Obrigado pelo Selo Renan, fiquei muito contente.

Seja muito bem vindo!

B. 28 de agosto de 2009 às 16:11  

gosteei do post e do blog!
vou acompanhar sempre que puder!

meu blog:

http://pequenab.blogspot.com/

beijocas :D

Pablo Lopes Moreno 30 de agosto de 2009 às 01:51  

Obrigado B.
Continue visitando e comentando!

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